O autismo foi descrito pela primeira vez em 1943, e desde então muito tem sido estudado sobre este transtorno do desenvolvimento e tem como principais características os comportamentos repetitivos e estereotipados, limitação de atividades e interesses, comprometimento no desenvolvimento da linguagem verbal e não verbal e o déficit quantitativo na interação social e comunicação.
O autismo pode ser identificado em crianças antes dos três anos de idade, apesar dos sintomas variarem de um indivíduo para o outro, de um modo geral apresentam:
- Dificuldade em desenvolver relacionamento com seus pares;
- Comprometimento na percepção da existência dos outros indivíduos;
- Atraso ou ausência no desenvolvimento da fala;
- Após o desenvolvimento da fala, comprometimento da capacidade de iniciar ou manter uma conversação, com uso estereotipado e repetitivo da linguagem;
- Interesses e atividades restritos;
- Insistência na rotina, com resistência ou sofrimento com mudanças; dificuldades no planejamento motor.
Clinicamente, há o comprometimento das condições físicas e mentais dos indivíduos. Ainda que não se conheça a cura para o autismo, o diagnóstico precoce e a rápida intervenção são fatores que podem diminuir a possibilidade de cronificação, pois aumentam as possibilidades de tratamento e minimizam os sintomas.
Como a Fisioterapia beneficia o desenvolvimento das crianças com autismo?
O tratamento adequado para crianças com autismo envolve uma equipe multidisciplinar, para que seja trabalhada diferentes habilidades cognitivas, sociais, motoras e de linguagem. A Fisioterapia Neurofuncional é muito importante para as crianças autistas, pois elas podem apresentar distúrbios de movimentos, e o desenvolvimento motor é determinante para o desenvolvimento cognitivo e também da escrita. Além destes, os principais desafios enfrentados pela fisioterapia são os problemas na marcha, na postura, no tônus muscular, no equilíbrio e na capacidade de planejamento motor. Quando não tratada, o desenvolvimento infantil pode ser afetado, o que reduz a qualidade de vida a longo prazo e prejudica o aprendizado escolar.
Compreenda como a fisioterapia é planejada para crianças com autismo:
Habilidades motoras:
Essas habilidades são a capacidade de realizar movimentos utilizando os membros superiores e inferiores. Crianças com autismo geralmente apresentam um atraso de desenvolvimento de, em média, seis meses, quando comparadas às outras crianças.
Tônus Muscular:
Em relação à flexibilidade do corpo, as crianças com autismo costumam ser mais “enrijecidas”, o que se torna um obstáculo para a realização de movimentos, ocasionando problemas de equilíbrio e quedas frequentes.
Marcha:
As crianças com autismo podem apresentar um padrão diferenciado e andarem na ponta dos pés. Este distúrbio se apresenta quando estão aprendendo a andar, e pode ocasionar dores, calos, fraqueza muscular nas pernas e diminuição da resistência física.
Planejamento motor:
O planejamento motor é a capacidade do cérebro de entender uma ação motora, descobrir como fazê-la e dar ordem aos músculos e as partes do corpo para executarem a atividade. As crianças autistas podem apresentar dificuldades em idealizar e executar um plano motor.
Em todos estes casos, o fisioterapeuta pode organizar o tratamento de modo que o aprendizado motor seja facilitado, reduzindo a ansiedade e encorajando a criança. Isto pode se dar através, por exemplo, de jogos funcionais que possibilitem o aprendizado, circuitos, além de atividades para coordenação motora e equilíbrio.
Desenvolvimento motor e a influência no desenvolvimento cognitivo e na escrita:
A função motora está relacionada também ao desenvolvimento cognitivo, afinal a dimensão cognitiva é construída a partir da atividade física, devido à ligação das funções motoras ao desenvolvimento intelectual. Ler e escrever são práticas que envolvem não apenas as habilidades relacionadas à função cognitiva, pois demandam também a manifestação e participação ativa de padrões psicomotores da criança.
Aquelas que possuem o desenvolvimento motor afetado, como é o caso das crianças com autismo, sofrem influência na aprendizagem e na aquisição da escrita e da leitura.
Quanto antes o tratamento com a fisioterapia começar, menores as chances do comprometimento motor, além da melhora da integração social e da concentração das crianças. A intervenção precoce possibilita melhoras no quadro devido à capacidade de plasticidade do cérebro nos primeiros anos de vida.
Com o tratamento eficaz e planejado para cada caso, é possível aumentar a independência funcional da criança, em diferentes graus de autismo. Conheça mais sobre o autismo em outros artigos do nosso blog:
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