Desde 1999, por lei, todas as instituições de ensino são obrigadas a aceitar matrículas de pessoas com deficiência. Desde então, o número de crianças presentes nas escolas saltou para níveis surpreendentes. Antes da lei, menos de 100 mil alunos nessa categoria estavam matriculados. Atualmente este número ultrapassa 800 mil, somente na educação básica.
Antes de qualquer estratégia, é preciso aprender e entender qual é a deficiência do aluno. Só assim é possível pensar em caminhos para envolvê-lo com o conteúdo das aulas e com a turma. Quando o professor entende que as limitações não são barreiras fixas, ele consegue ir além de um ensino padronizado, buscando alternativas que consigam explorar todo o potencial da classe.
A SITUAÇÃO ATUAL AINDA DEMONSTRA PREOCUPAÇÃO
Em muitas instituições de ensino, de maneira geral, a arquitetura não contempla as condições mínimas de adaptação para as pessoas com deficiência física. Sendo assim, os gestores têm que desenvolver suas próprias tentativas de adaptação do ambiente físico escolar. Embora reconheçamos os esforços dos educadores em promover e garantir a acessibilidade, temos também a consciência de que estamos longe de oferecer espaços em que as reais necessidades desses indivíduos sejam plenamente respeitadas e acolhidas. Sendo assim, de forma criativa e corajosa, temos lançado mão, por exemplo, de rampas improvisadas e de força física para que nossos alunos cadeirantes possam usufruir dos pisos superiores das escolas, uma vez que os recursos, na maioria das vezes, não são suficientes para uma reforma completa. Aliás, reformar é sempre mais complexo e mais custoso do que construir.
Se retomarmos à formação inicial de nossos professores, fica claro que são preparados para um trabalho linear, voltado para homogeneizar as diferenças e não conviver com elas. Sendo assim, o professor nem sempre está preparado para lidar com o desafio de incluir em seu trabalho como formador os alunos com deficiência. Em princípio, a perspectiva de que a inclusão priorizava um convívio social mais abrangente cristalizou uma visão reducionista e limitada de que o trabalho seria somente de oferecer espaços de convivência com os demais alunos. Porém, o direito de quem tem deficiência não se limita a estar junto. A questão é garantir a todos uma educação de qualidade.
MANEIRAS PARA TRABALHAR A INCLUSÃO EM SALA DE AULA
1. Conheça o perfil dos seus alunos
O primeiro passo para oferecer aulas inclusivas é entender que todo ser humano é diferente. Ou seja, todos têm limitações e aptidões a serem trabalhadas ao longo de toda a jornada acadêmica.
Com isso em mente, o educador precisa entender o perfil do estudante com deficiência. Quais são as suas limitações? Quanto tempo, em média, esse aluno precisa para fixar um novo aprendizado? Com quais recursos mais se identifica?
Ao conhecer o perfil do educando, é possível elaborar planos e atividades mais eficientes, sempre pautados pela importância de envolver toda a turma.
2. Tenha intencionalidade
Praticamente, todas as ações são dotadas de intencionalidade. Ao conhecer o perfil do estudante, o professor poderá elaborar atividades que tenham um objetivo claro no processo de desenvolvimento daquele aluno.
Dessa forma, é possível propor atividades e métodos que associem as particularidades do estudante e os objetivos pedagógicos traçados pelo professor.
Por exemplo, elaborar uma rotina é fundamental para pessoas com autismo. Sendo assim, o educador poderá criar painéis criativos com um cronograma de atividades para o aluno em questão.
3. Pense sobre integração
Segundo o dicionário, integração significa incorporar um indivíduo ou grupo externo em uma comunidade. Ou seja, propor uma aula inclusiva é envolver todos os alunos em atividades conjuntas, promovendo o respeito e a tolerância.
Propor exercícios exclusivistas para estudantes com deficiência a ponto de isolá-los dos demais colegas é, de fato, segregação. Tal prática limita a capacidade social de toda a turma, prejudicando a compreensão da diferença.
Além disso, o isolamento afeta física e emocionalmente o desenvolvimento de uma pessoa com deficiência. Por isso, fazê-la parte do grupo é fundamental.
4. Utilize múltiplos recursos
Trabalhar os conteúdos em diferentes mídias e plataformas é fundamental para um processo de aprendizagem completo e profundo. Para uma sala de aula inclusiva, as ferramentas tecnológicas são essenciais.
Alunos com deficiência desenvolvem melhor as suas capacidades quando são expostos a materiais que envolvam seus sentidos.
Dessa forma, sempre que possível, o professor deve usar objetos concretos, capazes de envolver o tato, a visão, o olfato e a audição desses estudantes.
Não se prender a um tipo de recurso é essencial para esses estudantes, portanto, quanto mais variedades, melhor.
5. Crie um ambiente de respeito e cooperação
A palavra-chave para uma sala de aula inclusiva é respeito. Valorizar a diferença é envolver a diversidade em todas as práticas sociais. Por isso, o professor deve ter atenção para a promoção do companheirismo e das boas relações.
Incentive os estudantes a cooperarem uns com os outros, propondo dinâmicas e atividades que mostrem aos alunos que, em comunidade, eles ficam mais fortes e capazes de superar desafios.
Sobretudo, faça-os entenderem que todos temos limitações e devemos respeitá-las.
SANTA CLÍNICA E A INCLUSÃO
Por fim, queremos ressaltar que, do nosso ponto de vista, inclusão não se limita ao fato de permitir que uma criança com deficiência esteja junto de outras sem deficiência, no mesmo espaço físico, porém sem participar efetivamente das atividades.
A inclusão é justamente sobre contemplar alternativas que atendam às diferentes maneiras que os alunos têm de construir seu conhecimento. Essa diversidade certamente alcançará também os estudantes que não possuem nenhuma deficiência mas que apresentam diferenças significativas quanto ao desempenho e compreensão dos diversos conteúdos.
Outro aspecto imprescindível no trabalho com a inclusão é se colocar no lugar do outro. Envolver todos da sala no desafio de vencer as diferenças pelo respeito à dignidade do ser humano promove o sentimento de pertencimento ao grupo, não só para quem tem a deficiência como para todos que convivem com ela.
A equipe da Santa Clínica® está junto de todos vocês nesta luta pela inclusão em sala de aula! Amor, respeito e empatia são a nossa bandeira sempre! Estamos juntos.