O mês de agosto chegou trazendo a campanha chamada AGOSTO LARANJA, que nos faz refletir sobre esta patologia tão importante e ainda tão desconhecida por grande parte da sociedade: A MIELOMENINGOCELE. A data tem caráter simbólico para dar visibilidade à doença, que é considerada a segunda maior causa de deficiência motora infantil, segundo o Ministério da Saúde. Ela afeta um a cada 1.000 bebês nascidos no Brasil e é o defeito do tubo neural mais comum.
A mielomeningocele, também conhecida como espinha bífida aberta, é uma malformação congênita da coluna vertebral da criança em que as meninges, a medula e as raízes nervosas estão expostas. Pode ocorrer em qualquer ponto da coluna vertebral, sendo mais comuns em regiões lombares e sacaria. O defeito ocorre no primeiro mês de gravidez e engloba uma série de malformações. O não fechamento do tubo neural produz defeitos de graus variáveis, podendo afetar todo o comprimento do tubo neural ou limitar-se a uma pequena área.
-As alterações clínicas variam de acordo com o nível da lesão e o grau de comprometimento, podendo ser: motoras, sensitivas, esfincterianas;
-A classificação é relacionada ao quanto o nível da lesão,
são elas:
Nível
torácico: sem movimentos ativos dos membros inferiores;
Nível lombar alto: apresenta atividade dos músculos psoas, adutores, e eventualmente o quadríceps;
Nível lombar baixo: apresenta movimentação dos músculos psoas, adutores, quadríceps, flexores mediais do joelho, e eventualmente tibial anterior e/ou glúteo médio;
Nível sacral: apresentam-se em atividade os músculos antes citados e também os flexores plantares e/ou extensores do quadril.
-O diagnóstico pode ser feito através de radiografia simples, tomografia computadorizada e ressonância magnética;
-A espinha bífida é classificada em espinha bífida oculta (na qual ocorre a falta do fechamento do arco vertebral posterior, porém não há herniação nem deslocamento do SNC) e espinha bífida cística (na qual ocorre a falta de fechamento do arco vertebral posterior com protrusão cística das meninges ou medula espinal + meninges), sendo a última dividida em duas formas: meningocele e a mielomeningocele.
Meningocele: Há protrusão de um cisto que contém líquido cefalorraquidiano e meninges, sendo ele coberto por epitélio.
Mielomeningocele: Há protrusão de um cisto que contém líquido cefalorraquidiano, meninges e medula espinal, sendo ele coberto por epitélio. Essa é a forma mais comum de acontecer.
Causas: As causas ainda são obscuras e estão associadas à interação de fatores genéticos e ambientais. Entre os fatores ambientais estão: diabetes materno, deficiência de zinco, ingestão de álcool durante os primeiros três meses de gravidez, fatores socioeconômicos, alimentos contaminados com inseticidas, drogas anticonvulsivantes, agentes anestésicos, dentre outros. A carência de ácido fólico é o mais importante fator de risco. O ácido fólico age na síntese de DNA e, portanto, é essencial para a rápida divisão celular que ocorre durante o desenvolvimento fetal precoce.
Sintomas:
-Paraplegia flácida e alteração sensitiva abaixo da lesão;
-Paralisia do membros inferiores;
-Dificuldade ou inabilidade para adquirir ou manter-se em postura ortostática e deambular;
-Distúrbios musculoesqueléticos, especialmente nos tecidos moles e periarticulares;
-Alterações posturais, caracterizadas, sobretudo, por hiperescoliose ou hipercifose;
-Déficits sensoriais, cognitivos, tônicos e tróficos;
-Alteração da densidade mineral óssea, a partir dos seis anos de idade, correlacionada a um aumento da percentagem corporal de tecido adiposo;
-Úlceras de pressão;
-Mal perfurante plantar;
-Hidrocefalia;
-Síndrome da medula presa;
-Disfunção vesical, intestinal e sexual;
-Infecções de repetição;
-Incontinência urinária;
-Refluxo;
-Deformidades em tronco e membros inferiores;
-Obesidade;
-Apnéia do sono;
-Alergia ao látex;
-Dificuldade de aprendizagem;
-Risco de desajuste psicossocial.
Espinha bífida não tem cura, no entanto seu tratamento pode ser cirúrgico ou fisioterapêutico.
-TRATAMENTO CIRÚRUGICO: Para diminuir o risco de infecção o ideal é a realização da cirurgia nas primeiras 24 horas após o nascimento.
O tratamento cirúrgico tem como objetivos a reconstituição anatômica, a preservação de tecido nervoso viável e a redução ou prevenção do risco de infecção do sistema nervoso central.
-TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO: Nos pacientes com mielomeningocele o enfoque fisioterapêutico tradicionalmente visa a melhora da força muscular, adequação do tônus, prevenção de contraturas, independência funcional, principalmente no que se refere à deambulação, e otimização do desenvolvimento infantil.
A complexidade do quadro clínico apresentado pelos pacientes demandam uma avaliação fisioterapêutica criteriosa, afinal é necessário estabelecer um plano de tratamento adequado para o desenvolvimento máximo da funcionalidade do indivíduo.
-TRATAMENTO PÓS-CIRÚRGICO: Normalmente a cirurgia nos casos de mielomeningocele são realizadas nas primeiras 24 a 48 horas de vida do recém-nascido, tendo como objetivo realizar a plástica das meninges e da pele que recobre o defeito.
A fisioterapia pode e deve ser feita antes e após a cirurgia sendo realizadas antes do procedimento cirúrgico técnicas desobstrutivas e reexpansivas, apoio abdominal, e promovendo a orientação aos pais e cuidadores dos pacientes, já no pós-cirúrgico enfatizando a desobstrução das vias aéreas, a reexpansão pulmonar, e a mobilização precoce. Além da fisioterapia respiratória, dependendo do nível da lesão e condição do paciente, é importante a realização de exercícios objetivando a funcionalidade como foi anteriormente citado.
MIELOMENINGOCELE NA SANTA CLÍNICA®:
Nossos profissionais estão amplamente capacitados para atendimento de pacientes com mielomeningocele. Além disso, nosso espaço possui uma ampla estrutura totalmente adaptada e acessível, para que nossos pacientes e seus familiares tenham tranquilidade, conforto e segurança em todas as etapas do tratamento.
Apesar de sabermos que não existe cura total para esta doença, percebemos que com algumas intervenções específicas e tratamentos é possível diminuir os sintomas e oferecer melhor qualidade de vida para as pessoas acometidas por esta patologia. É necessário acompanhamento por uma equipe multidisciplinar de acordo com as necessidades de cada paciente e aproveitamos para reforçar a importância da intervenção precoce, ou seja, agir cedo para que o desenvolvimento traga grandes resultados.
A fisioterapia tem o principal objetivo de promover independência, fortalecer musculatura, promover aprendizado de habilidades motoras, estimular ajustes posturais, prevenir ou corrigir deformidades e promover, de forma geral, maior independência da criança.
Divulgue você também esta campanha!
Agosto Laranja: Mês de Consicentização da Mielomeningocele!