A integração sensorial é o processo neurológico que organiza as sensações do próprio corpo e do meio ambiente, tornando possível que o corpo utilize o ambiente de forma eficaz, ou falando de uma forma mais sucinta: é a organização das sensações pelo cérebro, para o uso na vida cotidiana. Habilidade do cérebro de processar e organizar as informações dos sentidos recebidas e preparar uma resposta adequada a esse estímulo.
De acordo com Ayres (2005), a integração sensorial pode ser definida como o processo cujo cérebro organiza as informações com a finalidade de dar uma resposta adaptativa adequada. Isso é, responsável por estruturar as sensações do próprio corpo e do ambiente de maneira que possibilita o uso eficiente do mesmo no ambiente. Portanto, podemos explicar a integração sensorial como a habilidade inata de organizar, interpretar sensações e responder apropriadamente ao ambiente; de modo que auxilia o ser humano em seu uso funcional.
Temos três sistemas sensoriais que são centrais na teoria de integração sensorial: o tátil, o vestibular e o proprioceptivo. As suas inter-relações começam a se formar mesmo antes do nascimento e continuam a se desenvolver à medida que a pessoa amadurece e interage com o seu ambiente, embora esses três sistemas sejam menos familiares do que os da visão, audição e paladar, é importante ressaltar que eles têm uma importância muito grande para a nossa sobrevivência básica e desenvolvem um papel fundamental no comportamento humano, tanto físico como mental.
Você sabe o que é a práxis?
De acordo com a Dra. Jean Ayres, práxis é a competência que o nosso cérebro tem de conceber, planejar, organizar e executar uma sequência de ações motoras não habituais, permitindo-nos responder de forma adequada às exigências do ambiente. Por outras palavras, a práxis significa “fazer/agir”!
Mas para fazer/agir precisamos primeiro conceber a ideia do que fazer, de como vamos fazê-lo e por fim, desempenhar/executar o movimento corretamente. Para a maioria das pessoas, este processo não requer nenhum esforço consciente. Quando estão aprendendo algo novo, talvez precisem praticar inicialmente mas logo o cérebro se adapta e a ação torna-se automática.
No entanto, para as crianças com dificuldades de práxis (dispraxia), a ação não se torna automática, e elas precisam se preparar continuamente, o que faz com que estas crianças se esforcem muito para tentar acompanhar as demais.
Por que o brincar é tão importante na Integração Sensorial?
O brincar é fundamental porque permite à criança mover-se e interagir com o seu ambiente, enquanto o seu corpo armazena informações sensoriais sobre as partes do corpo (tamanho, peso, limites, movimentos e posições em relação ao resto do corpo), e o cérebro armazena informações sobre o ambiente (gravidade, a textura, a densidade, a temperatura). Ao utilizar as informações sensoriais sobre o seu próprio corpo e incorporando as informações sensoriais sobre o ambiente, a criança é então capaz de saber como o seu corpo precisa trabalhar para realizar uma determinada tarefa. Quando a criança não é capaz de integrar e organizar toda a informação, podemos ver crianças trapalhonas/desajeitadas, que caem com frequência, esbarram-se contra as coisas, brincam sempre da mesma forma, são desorganizadas, etc.
É a práxis que permite que a criança execute muitas das suas tarefas diárias, como andar, correr, brincar no parque e praticar um esporte. Mas muito além destas atividades, a práxis é fundamental para desempenhar as atividades mais básicas do dia-a-dia, como as tarefas de autocuidado, vestir e comer, e afeta a capacidade da criança de se organizar e aprender novas atividades, o que é fundamental também para a sua vida escolar.
Portanto, diferente do que muitas pessoas pensam, de que Integração Sensorial é apenas “brincar”, podemos garantir que a IS vai muito além disso! Brincar é apenas o meio utilizado para um fim muito maior, que coincide com a participação e interação da criança com o meio e com seus pares.