Quando o bebê nasce antes da 37ª semana de gestação, é considerado prematuro. Os bebês prematuros comumente apresentam um baixo percentual de gordura, a cabeça relativamente grande em relação ao tórax, a estrutura óssea e muscular não estão prontas para enfrentar a gravidade e o sistema nervoso imaturo. Essas e outras características dificultam a contração muscular e o controle dos movimentos voluntários, gerando dificuldades motoras e atrasos no controle da cabeça, para segurar objetos, rolar, sentar, engatinhar e andar.
Uma das consequências disto é um maior atraso no desenvolvimento neurológico, o que pode acarretar em dificuldades na fala, problemas motores ou psicológicos. A prematuridade, por si, já é considerada um fator de risco ao desenvolvimento psicomotor das crianças.
Para superar essas dificuldades, recomenda-se a estimulação precoce desde os primeiros meses de vida. Essa estratégia é determinante para a aquisição de diversas capacidades, como o desenvolvimento motor, a cognição e a comunicação, e é indicada não apenas para os prematuros, mas também crianças que apresentam atraso no desenvolvimento psicomotor ou crianças com Síndrome de Down.
Estimulação precoce
O período crítico no desenvolvimento cerebral são os primeiros três anos de vida, por isso é importante que a estimulação se inicie o quanto antes. Durante essa fase, os estímulos do ambiente, psicológicos e sociais atuam sobre a maturação cerebral, e as experiências às quais as crianças são expostas influenciam diretamente o crescimento, a maturação e o desenvolvimento.
O principal objetivo da estimulação precoce é acompanhar o desenvolvimento do bebê, realizando indicações que previnam alterações e favoreçam uma boa evolução, sendo uma estratégia para vencer as dificuldades já apresentadas pelo bebê. Um bom exemplo é a fala: normalmente é realizada pelo lado esquerdo do cérebro, porém, a partir da estimulação precoce, essa função pode vir a ser comandada pelo lado direito.
Para alcançar o sucesso, o trabalho deve ser direcionado e intenso, realizado por uma equipe multidisciplinar. Um desses profissionais indicado é um fisioterapeuta especializado, que analisará as áreas nas quais a criança tem dificuldade e criará um programa de apoio. A participação da família também é fundamental, pois é possível definir exercícios complementares a serem realizado em casa, aos poucos e de forma lúdica, como parte das brincadeiras. Assim, a criança terá mais satisfação durante o processo. Também é essencial que a família leve as dúvidas e informações nas consultas, pois isto aumenta as chances de resolução dos problemas.
Como acontece a estimulação precoce?
Seja qual for o nível de prematuridade do bebê, ele deve ser acompanhado por um fisioterapeuta desde os primeiros meses, pois é a partir do comportamento da criança que é possível avaliar o desempenho das atividades que são esperadas em cada fase e identificar as sequelas motoras. Cada criança é única, por isso o profissional desenvolverá um plano de acompanhamento para oferecer o tratamento especializado para cada caso.
Durante as consultas, serão realizadas atividades que promovam o desenvolvimento das percepções sensoriais, a manipulação de objetos, o sentar, o solar, o engatinhar, a marcha, a socialização e a comunicação, sempre respeitando a etapa do desenvolvimento em que a criança se encontra.
A estimulação visa ensinar e motivar, aproveitando os objetos e situações para transformá-los em conhecimento e aprendizagem. É através das brincadeiras que a criança aprenderá ainda mais. Porém, é sempre fundamental levar em consideração a etapa evolutiva do paciente e garantir que ela seja realizada desde os primeiros meses, para que seja totalmente eficaz. Nos primeiros meses de vida, o sistema nervoso ainda não está totalmente desenvolvido, o que permite um maior processo de aprendizagem e adaptação aos estímulos.