A plagiocefalia é um transtorno que se caracteriza por uma distorção assimétrica do crânio além da habitual, chamada de aplastamento lateral. É muito comum encontrar essa deformidade quando a criança nasce, podendo ser resultado de uma má formação cerebral, de um ambiente intrauterino restritivo ou de um torcicolo, por exemplo.
O caso mais comum deste transtorno é a plagiocefalia posicional, geralmente provocada pela posição em que a criança é colocada para dormir ou em que fica a maior parte do tempo. É fundamental que os pais estejam atentos desde o nascimento, pois corrigir a deformidade depende do tempo em que ela é percebida.
O período adequado para identificar a plagiocefalia, avaliar as causas e começar o tratamento é até os dois anos. Os tratamentos costumam apresentar resultados mais promissores quando se iniciam antes dos primeiros seis meses de vida. Quando se identifica apenas após os dois anos, a cirurgia se torna fundamental.
O não tratamento da plagiocefalia pode causar a assimetria facial, orelhas desalinhadas, a dificuldade em rodar a cabeça para um dos lados e, de acordo com o grau da assimetria, ainda pode haver alterações na face como um olho menor que o outro, assim como as bochechas. Além disso, a plagiocefalia é responsável por um mau funcionamento do sistema digestivo causando dificuldades na deglutição, cólicas e obstipação, devido à restrição de mobilidade do nervo vago. Quando a implicação está no nervo óptico, pode causar problemas visuais como a miopia e o estrabismo. Outros sintomas são a alta frequência de problemas auditivos, causados pelo alinhamento deficiente do canal auditivo, encurtamento da musculatura do pescoço, cefaleias gerais, má-oclusão dentária, estrabismo, dores na articulação temporomandibular, alterações ou atrasos no desenvolvimento psicomotor da criança, presença de escolioses ou alterações posturais, entre outros.
A maior parte dos sintomas são identificados precocemente, porém algumas alterações só são visíveis com o crescimento da criança. Por exemplo, a ação da gravidade irá realçar qualquer assimetria ou disfunção que possa existir, como escolioses ou alteração de apoio plantar.
O indicado é que logo após o nascimento ou ao longo do primeiro mês de vida seja realizada uma avaliação por um especialista, para que ele identifique se o problema existe, qual a gravidade e como corrigi-lo. Mais do que apenas avaliar a deformidade na cabeça do bebê, o especialista avaliará a criança como um todo e o seu histórico (tipo de parto, alimentação, funcionamento intestinal, se dorme bem, entre outros pontos).
Nos casos de plagiocefalia, a Fisioterapia tem como objetivo ensinar os pais sobre as deformidades posicionais, educando-os para realizar exercícios que corrijam a deformidade, com a adoção de estratégias como: carregar o bebê, encorajar o tempo de bruços, alterar a alimentação e assumir posições de modo a minimizar o problema.
Nos casos em que há comprometimento da musculatura cervical e a estratégia de reposicionamento associada à Fisioterapia não surtir efeito, é fundamental mudar a estratégia de tratamento, sendo indicada uma órtese craniana (um capacete) para que ocorra a correção. Os melhores resultados são obtidos quando o tratamento é realizado até os 6 meses de idade.
Embora a plagiocefalia não ameace a vida da criança, ela é uma fonte de deformidades que podem prejudicar o bem estar. O tratamento deve ser iniciado precocemente e de maneira gradual, de acordo com a gravidade da assimetria. Nestes casos, as principais recomendações são:
– Através dos pais, minimizar o desenvolvimento e a progressão da assimetria, como ação preventiva.
– Tratar as deformidades leves e moderadas já nos primeiros meses de vida, através do reposicionamento e/ou de tratamentos fisioterapêuticos.
– Tratar as deformidades graves ou resistentes ao tratamento inicial com o uso de órtese craniana, o que não exclui o tratamento fisioterapêutico, principalmente nos casos em que há o comprometimento da musculatura do pescoço.
A mobilidade fisiológica dos ossos do crânio é fundamental para o desenvolvimento psicomotor da criança, evitando consequências graves no futuro tanto a níveis estruturais como funcionais. Ao identificar alguma deformidade na cabeça do seu bebê, procure um profissional capacitado.